sábado, 30 de novembro de 2013

Por que um blog?





Por que escrever este blog?
Porque nossa amiga Cecília Condeixa queria que escrevêssemos um livro! Ficava tão empolgada quando eu postava alguma foto no Facebook, acompanhando nossa trajetória, que quis um livro. Para fazer justiça aos locais e às fotos, precisaria ser em papel bom e daí, quem iria publicar? Mas uma sugestão vinda da Ciça, não poderia passar batido. Escolhemos uma forma mais barata de publicar o livro.
Porque tiramos um monte de fotos que precisaríamos rever e selecionar, e esta atividade só seria possível com uma forte motivação. Esquecer em um canto do arquivo este acervo maravilhoso, seria um pecado!
Porque nossas mentes já não tem o frescor da juventude e tem coisa que se a gente não anota, a gente esquece. Diz a sábia Justine Crane, que para lembrarmos das coisas,  "mais vale um lápis de ponta rombuda do que a memória mais aguda".
Porque somos egoístas e não queremos esquecer esta viagem. Não que tenhamos esquecido das outras, mas fato é que as lembranças se embaralham e fazemos uma grande confusão de ideias quando começamos a recordar. Esta viagem foi muito organizadinha. Não podemos esquecer do geral. Os detalhes a gente sempre lembra...
Porque gostamos de contar histórias e sabemos escrever. 
Porque aprendemos demais e não cabe dentro de nós, somente. Somos três professores, o que por si só já explica. A função de ser repetidor de ensinamentos, de passador de conhecimentos, de fazer fluir dos livros para as cabeças o entendimento das coisas, é algo que se enraíza, que se perpetua na gente, como aquelas manilhas dos encanamentos romanos, que levavam a água do aqueduto para as ruas e fontanas. A cidade se foi, a sua utilidade se foi, mas elas estão lá ainda, como peça de museu, para provar que conduzir água de um lugar para outro, também é uma função importante, também conta uma história.



sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Antalya - tradução e mais algumas coisinhas.



CHEF, fish restaurant. O garçon ficou nosso amigo e ganhei uma rosa na última noite.
Neste restaurante, dançamos bolero em uma noite de chuva. Em pleno calçadão. Foi um sucesso!
Dica: quando estiver em dúvida sobre onde comer, escolha um restaurante com muitos turcos e poucos turistas. Turista com fome, não seleciona.
Nesta foto, o Gerson pegou o terraço do nosso hotel.

Uma das horas que eu mais gostava em nossa estadia em Antalya, era assistir à mudança de luz e de cores ao longo da baía, nas montanhas do oeste, desde o terraço de nosso hotel. Entre 8 e 9 horas da manhã, luz e nuvem alteravam distâncias fazendo truques com a visão. O velho bairro cristão com seu calçamento de pedras, jardins fechados e lojas de artesanato, é cercado por um lado por um parque, e pelo outro, por uma grande metrópole. Foi um dia o coração da Antalya, com muralhas e abrigando o porto, de onde vinham suas riquezas comerciais. Mesmo assim, a população de Antalya não passava de 60 mil até os anos 1950s.  Em cinquenta anos, seu turismo a viu crescer para um milhão de habitantes.
No final de um grande passeio arborizado, que se estende por mais que um quilômetro, para o oeste, uma cadeia de arenito, está a praia de Koniaalti, que vai até as montanhas.
Enquanto para o leste, a praia de Lara vai até os subúrbios. Mas a cidade ao norte, é a Antalya dos seus nativos. Uma metrópole moderna que cobre a área até chegar nos anéis viários e nos subúrbios agrícolas. Porque este é um cinturão plano e fértil que provê o alimento para todo o litoral.
Mas é em Kaleiçi, o bairro antigo, que o passado ainda sobrevive. Da Porta de Adriano aos Museus de Vida Otomana, os trabalhos de restauração de muitos edifícios antigos lindos é contínua e o labirinto de ruas estreitas deixa você perdido, nas muitas caminhadas. Há um ponto acima do cais onde há uma banca de frutas que vende suco de romã e onde alguém rabiscou em inglês: "Não temos wi-fi, conversem uns com os outros." Achei desnecessário, neste lugar mágico.
Há uma forte presença de estudantes e gente jovem, especialmente  música ao vivo dos bares, à noite, que também não são bandas cover, mas tocam música turca, embora com um som contemporâneo. O álcool flui, mas, como em toda a Turquia, não vimos ninguém sequer remotamente bêbado, nos nossos quarenta dias. Lá no cais do porto, os sorveteiros brincam com os turistas, enquanto dúzias de barqueiros vendem ingressos para uma volta na baía. "Trinta liras por hora! Ah, vocês são brasileiros? Neste caso, vinte!"


Créditos: Fotos de Antalya, são do Gerson. Exceto a primeira do texto do Les, que é minha.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Antalya foi a primeira parada.


One of the most enjoyable hours of our stay in Antalya was to watch the changing light and colour across the bay from our hotel terrace to the mountains in the west. Between 8 and 9 am, light and cloud would alter distance and play tricks with vision.
The Old Christian quarter with its cobbled streets, enclosed gardens and craft shops is bounded by a park on one side and the modern metropolis on the other two. It was once the hub of Antalya, being walled off and hosting the port from which came its commercial riches. Yet even in the 1950s Antalya's population was no more than 50 or 60 thousand, so in fifty years its tourism that has seen it growth to a million inhabitants.
Porta de Adriano
At the end of the fine wooded promenade which runs over a kilometer to the West on a sandstone ridge, Konyaalti Beach circles until the mountains, while to the East Lara Beach continues to the suburbs. But the city to the North is Antalya for the Antlayans. A modern metropolis which runs until it reaches the ringroads and agricultural suburbs. For this is a fertile agricultural plain that provides food for all the coastal belt.
But it is only in Kaleiçi, the Old Quarter that the past lives on. From Hadrian's gate to the Museums of Ottoman life, restoration of many of the fine old buildings continue and the labirinth of streets leave you lost on many a walk. There is a point above the harbour where stalls sell pomegranate juice, here

somebody has scrawled in English "We don't have wi-fi: talk to each other" - unnecessary, I thought in such a magical place.
There is a strong presence of students and young people, especially at night live music from the bars, not cover bands either, but Turkish music albeit contemporary in its sound. The alcohol flows but as in all Turkey we never saw anyone remotely drunk in all our forty days.
Down at the harbour itself the icecream vendors play tricks with the tourists while dozens of boats sell tickets for a round the bay trip, "Thirty liras for one hour, oh! you're Brazilians, in that case let's say twenty!"
Porto de Antalya

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Side - a tradução e mais algumas fotos


Templo de Tiké (Afrodite mãe - a mais bela), no centro da ágora.


Diferentemente das outras cidades romanas, Side está localizada no centro da cidade moderna. Chegando do oeste, quase não há sinalização, mas você sabe que chegou, quando para seu carro em um estacionamento enorme. Encontre um lugar em meio a dúzias de ônibus de turistas, cruze o asfalto e você está no centro da Side romana. E também está imerso em uma verdadeira maré humana, italianos, russos, alemães, japoneses, britânicos, estão costurando seu caminho em direção à cidade moderna, na praia. Um ou outro, caem fora e espiam o anfiteátro ou a Via Maximus, mas a maioria parece nem notar estas pilhas de pedras velhas.
Side tem a cara de turismo em massa, socado pelo leste e pelo oeste, por causa de vinte quilômetros de hotéis (oitenta mil camas) e do comércio ligado ao turismo, que se estende até onde a vista alcança.
Pósidon engolindo seu templo...
 Estou certo de que emprega muitos turcos e abre um turismo de relativo baixo custo, mas para o viajante solitário é um pesadelo. No entanto, persevere, pois se você chegar até o cais, o lindo templo de Apolo estará à sua esquerda, mas cercado, contra os bárbaros; até as urnas de pedra perdo do museu foram usadas como latas de lixo, tanto é o respeito. Fizemos uma fuga ao museu que parecia um oásis de quietude, com seu jardim cheio de sarcófagos.
Um pouco antes, fomos convidados para entrar na única loja de tapetes de Side.
Adoro tapetes, mas passei por esta loja sem olhar,  mas uma voz perguntou de onde éramos e quando ouviu a resposta, falou: "vocês são po primeiros brasileiros em minha loja, eu tive uma namorada de Fortaleza, seu nome é Eliete". Então, depois do chá de maçã ("chá de turista"), eu perguntei como Side tinha mudado. Sim, é muita gente, mas não podemos reclamar. E seu negócio? Não vai mal, mas as pessoas não vem a Side comprar tapetes, eles vão para Istambul.
As multidões vão se dirigindo para seus ônibus e nós entramos no fluxo. Não voltamos a ver tantos turistas nas nossas seis semanas de Turquia.
.

domingo, 24 de novembro de 2013

Side, por Les Walsh

Templo de Apolo, em Side.






Side is unlike other Roman cities in that it is in the centre of the modern town. Approaching it from the West there are almost no roadsigns, but a huge parking area tells you, you've arrived. Find a place between the dozens of holiday buses, cross the asphalt and you are in the centre of Roman Side. You are also immersed in a tide of humankind, Italians, Russians, Germans, Japanese, Brits, all are weaving their way to the modern town near the seaside. One or two peel off and check out  the amphitheatre or Via Maximus, but the majority don't seem to notice these piles of old stones.
Side is the face of mass tourism, hemmed in from East to West by twenty kilometres of high rise hotel and beach trade (eighty thousand beds), extending as far as the eye can see.
I'm sure it provides employment for many Turks and low cost beach holidays but for the individual traveller it is a nightmare. Persevere however for as you arrive at the quay the beautiful Temple of Apollo stands to your left, fenced off from the barbarians; the stone urns near the museum were being used as rubbish bins so not much is respected. We made an exit for the Museum which seemed like an oasis of quiet in its sarcophagus strewn garden. 


Just before we had been invited into Side's only carpet shop. I am a sucker for carpets and I passed this one without looking but when a voice asked where we were from and the answer given, we were ushered inside, "you're the first Brazilians in my shop, I had a girlfriend from Fortaleza, her name is Eliete." So after apple tea ("tourist tea") I asked him how Side had changed. Yes, too many people but we shouldn't complain, he said, and his business? Not bad, but people don't come here to buy carpets, they go to Istanbul.
The crowds were drifting back to the buses now and we entered the stream and departed. Not again in our six weeks in Turkey would we see such a mass of tourists.

O Museu se situa nas antigas termas de Side.

sábado, 23 de novembro de 2013

Perge - Céu de chuva.




Perge era uma grande cidade. Capital da Pamphilia, no Império Grego, absorvida pelos romanos, hoje é feita de ruínas, a cerca de 15 km de Antalya. Fiquei admirada em saber quanto calor faz no litoral turco. É realmente muito quente, no verão, chegando facilmente à marca dos 40ºC. Durante o inverno, os dias são ensolarados, as noites, mais frias. A temperatura em Antalya era cerca de 25ºC durante o dia e à noite, caía um pouco mais, mas com uma camisa de manga comprida, estávamos confortáveis.
Durante o caminho para Perge, choveu muito. Uma chuva morna, trazendo mais evaporação. Quando lá chegamos, parou de chover, e estava claro quando saímos, mas no caminho para Side, choveu novamente - era o Outono definindo as temperaturas. O céu com mil cores cinzentas, apresentava o espetáculo de conhecer aquela grande cidade. 
Perge era sede administrativa do porto de Side, as duas cidades mais importantes da província de Pamphilia.
A cidade é grandiosa, mas muito do sítio é interditado à visitação turística, porque estão ainda escavando e restaurando edificações, como o teatro, que estava totalmente coberto, um dos templos, também, mais uma parte da cidade, não pudemos entrar. E ainda assim ficamos cansados de percorrer o restante da cidade. 
As termas de Perge são lindas. O terremoto destruiu as piscinas porém deixou uma verdadeira radiografia de como funcionavam as caldeiras, para aquecer o caldarium.
 De acordo com uma explicação que ouvi, grandes tachos de cobre eram aquecidos e o vapor aquecia a piscina do Caldarium (banho de água quente) sobre as caldeiras, a temperaturas quentes porém suportáveis. O vapor condensava nas paredes internas e quando havia vapor demais, era liberado para aquecer a piscina ao lado, do Tepidarium (banho de água morna). Depois de passar pelo banho morno, havia um banho frio, no Frigidarium, que estimulava a circulação, sem fazer choques térmicos. Depois disso, a pessoa era besuntada com azeite de oliva, que penetrava fundo na pele, já amolecida pelos banhos, era raspada com um instrumento feito de osso ou marfim, que cada um tinha o seu, e saía toda a sujeira e pele velha. Então era massageado com ervas e voltava para o ciclo de banhos, no Caldarium. 
Depois da última ida ao Frigidarium, a pessoa estaria completamente limpa e pronta para a próxima orgia...
Antes de entrar no banho, talvez esperando em uma fila, havia esta arcada de colunas na entrada do balneário, chamada Parlatorium, que era onde a galera ficava batendo papo, falando uns dos outros, das celebridades, das festas, dos cultos, do seu gladiador favorito, enfim, o que falam as pessoas.
Céu de chuva
Algo muito interessante sobre o clima e o conforto térmico em Perge. No final da avenida de colunas, há um Nymphaeum, que vem a ser um chafariz, uma fontana, que abastecia de água aquela parte da cidade, servia para cultuar as ninfas e o deus do rio que passa ali perto e de onde era retirada a água do Nymphaeum. A partir do chafariz, o excedente da água corria em um canal no meio da rua. Quando o calor ficava insuportável, fechavam-se as comportas deste canal, fazendo a avenida, que é toda de mármore, ficar inundada. Neste momento, as pessoas deviam circular sobre as calçadas, mais altas que a rua. Esta inundação artificial refrescava a entrada da cidade. Devia ser linda, a cidade assim, com um filme de água passando pela rua. Devia brilhar muito, pois o sol é bravo.
Esta ideia, de fazer correr um canal de água pela cidade, foi copiada em uma das ruas principais de Antalya, onde passa o bondinho. A avenida é linda, sombreada e fresca, e o canal parece ser o responsável por esta delícia.
Nas ruínas de Perge havia muitos turistas. Foi difícil tirar fotos sem eles. Mas consegui algumas interessantes, mesmo assim.
Canal que sai do Nymphaeum e percorre toda a avenida.
 Em Perge, a vida devia ser agitada, havia muita gente influente, o Imperador Adriano visitou a cidade. Ele era muito popular na Anatólia. Gostava muito de lá e em todas as cidades por onde passamos, algum monumento, como um portal, as termas, uma estátua, eram erigidos para celebrar sua passagem.
Falando nisso, acho que está na hora de reler, "Memórias de Adriano", de Marguerite Yourcenar...
Recomendo.



Ao fundo, o Nymphaeum.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Karain

Período Paleolítico - pedra lascada. Nossos ancestrais eram artífices da pedra.


Homo sapiens sapiens período Calcolítico

Como colocar em palavras a morada do nosso primo, Neandertaal (Homo sapiens neanderthalensis) e depois dele o Homo sapiens sapiens, mais primitivo? Como explicar um ser que viveu há pelo menos 40 mil anos atrás? Como seria sua vida, suas atividades diárias, seus trabalhos e dias? No que empregaria seu tempo? Como construía seu fogo, como cozinhava e como raspava a pele dos animais que caçava? 
O domínio do fogo era importante para o neandertalense. Ele viveu na época da grande glaciação, era adaptado para viver no frio, no escuro, mas precisava do fogo para se aquecer, alimentava-se quase que somente de caça, mas tirava a pele dos animais, cozinhava e assava e, embora apareça em sua dieta alguns grãos e sementes de  frutas e outros vegetais de que se alimentava, algumas plantas aparecem, que mesmo sem valor nutricional e sabor amargo eram ingeridas, certamente com finalidade medicinal.
Ele realizava cerimônias de funerais, usando ervas aromáticas e símbolos, modelagens de argila, tintas.
Fazia instrumentos de pedra lascada, como machados, facas, martelos, pontas de lança, que eles não arremessavam, mas que ainda assim, faziam um belo estrago.
E as mulheres procriavam, coletavam vegetais, lenha, mantinham o fogo, modelavam argila, mantinham a caverna, provavelmente arrumavam as peles, cuidavam dos alimentos e divisões. Certamente tinham um papel importante na sociedade. Eram muito fortes. E precisavam ser.
Foi construindo este modelo que subi a ladeira íngreme, para a caverna de Karain, uma das pirambeiras mais bravas que eu me forcei a encarar.
É claro que os objetos e artefatos encontrados na caverna de Karaim encontram-se no museu da Antalya, para onde fomos, depois, conferir o que havia.
E são agulhas feitas de ossos, que deviam servir para juntar peças de pele, uma arte em  pedra lascada bastante bonita, facas e raspadeiras muito bem feitas, machados, pontas de lança, etc.
O Gé e eu tentamos lascar pedras na praia, nada fácil, e fazer cortes intencionais, devia requerer muita prática, pois muitas vezes você está quase conseguindo aquela lâmina, mas um terceiro talho vai estragar todo o seu instrumento.
Os cabos dos machados deviam ser de osso ou madeira dura. Altas tecnologias, para um tempo tão antigo.
Vista a partir da caverna - ao fundo, no horizonte, está o mar.
Depois do neandertal, outros hominídios usaram as cavernas de Karain. O local é estratégico, no alto de uma montanha, de lá de cima você enxerga toda a planície, a caça seria abundante, a água não era problema, havia espaço para muita gente no recinto da caverna e em caso de luta, devia ser um baluarte, pois pedra é que não falta para atirar no inimigo, de lá de cima...
E mesmo depois de haver cidades e casas de alvenaria, as cavernas Karain foram usadas com abrigo para fugitivos, refúgio de caça, enfim, como abrigo a algum assentamento humano ou para seus animais, como atestam o esterco de cabras e carneiros ao longo do caminho: uma barranqueira facilitada para os turistas. Como nos indicou o guarda do sítio: "three hundred meters up". Pois é para cima que você vai. Na trilha dos cabritos.
As fotos não são suficientes para mostrar as cavernas, mas assim moravam nossos ancestrais e inspirados nesse conforto, inventaram a casa.


A caverna é confortável, faz calor lá dentro.

fotos da caverna - Gerson
fotos do museu - Ane*







terça-feira, 19 de novembro de 2013

Termessos, em português

Texto de Leslie, tradução de Ane*. 
Todas as fotos de Termessos, são do Gerson.




Ouvi falar de Termessos, primeiro em relação a Antalya: um lugar para ver se você tiver energia, depois eu li que Alexandre, no caminho para se bater contra os persas, deixou de atacar a cidade por causa de sua posição, com o risco de perder metade de seu exército. Agora, é verdade que muitas das cidades clássicas estão situadas em locais impenetráveis e espetaculares e há uma boa razão para isto: defesa. Se você está no alto de uma montanha, de costas para ela, poucos virão querendo guerrear. Isto tinha seus limites, no entanto, porque Alexandre andou 100km morro acima, para tomar os Psídios, em Sagalassos, que também fica no alto da montanha.
Escombros de Termessos. Quantos fantasmas eu vi...
Alugamos um carro e assim que começamos a subir, começou a chover. As entradas estavam claramente marcadas e então a verdadeira estrada começou. Sete quilômetros de estrada estreita e cheia de curvas, até chegar em um estacionamento com umas colunas e um pequeno templo, que contam que você chegou. Aí começa uma caminhada de meia hora até chegar às muralhas da cidade.
Em Antalya estava calor, mas eu já estava tremendo e chovia intermitentemente. A subida não era tão íngreme, mas de vez em quando, ruínas de velhas edificações podiam ser delineadas entre as moitas e árvores. As nuvens, também, cobriam por vezes a vista, por vezes descortinavam. Muito melhor, assim, pois na cidade em si, havia pouca sombra.  As fotos falam por si só, e de todas as ruínas clássicas que vi, Termessos foi a mais difícil de ser descrita. Espalha-se sobre a montanha, não há quase nenhuma informação, não há mapa, portanto é você que tem que tentar montar este quebra-cabeças. O anfiteatro é a joia com o vale caindo por trás dele, é de tirar o fôlego.
Mais uma indicação do isolamento de Termessos é que os romanos também não a quiseram tomar. Muito longe de tudo e talvez a água tenha sido fator limitante, insuficiente para suas fontanas e banhos, templos e latrinas que povoavam as cidades romanas. Fiquei muito tempo me maravilhando com o anfiteatro, sabendo que não o veria de novo. E viemos descendo, as pernas da Ane aguentaram o barranco e deixamos a "Macchu Picchu da Turquia" para os seus fantasmas terméssios.
Portal do Templo de Ártemis
Necropolis

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Termessos

Aqueduto chegando à cidade.
I'd first heard of Termessos in relation to Antalya, a place to see if you had the stamina, then read that Alexander on his way to meet the Persians, had given it a miss because of its position, would have meant losing half of his army. Now it is true that many classical towns are in spectacular, impregnable places and there is a good reason for that - defense, if you are half way up a mountain, with your back to the mountain, few are going to come up and pick a fight. This has its limits though, because Alexander carried on up the road 100km and took on the Psidians at Sagalassos which too. lay atop a montain side.
We hired a car and as soon as we rose from the plain it started to rain. The entrance was clearly marked and then the real drive began, 7km of winding narrow road and finally you come out into a parking area and some toppled columns and a small temple tell you you have arrived. There begins about a half hour walk to the city proper.
Antalya had been pretty warm but I was already shivering here and it rained off and on. The ascent was not that steep but every now and again lower buildings in ruins could be made out in the bushes and trees. Cloud too rolled in covering the views and then rolled back again. Much better that way, though because once in the city there is little shade. The photographs speak for themselves,  of all the classical ruins I came to see Termessos was the one most difficult to build a picture of. It spreads out over the mountain, there is almost no information or map of the place, so you have to try and piece it together yourself. The amphitheatre is the jewel though, with the valley falling away behind it, breathtaking.
But its indicative of the isolation of Termessos that the Romans didn't take it over - too far from everything but also water was probably a limiting factor. Not enough for the fountains and baths, temples and urinals that populate Roman towns. I stayed at the amphitheatre a long time just marvelling, knowing that I woldn't see it again. We wandered down, Ane's legs held out and we left "Turkey's Macchu Picchu" to its Termessian ghosts.

domingo, 17 de novembro de 2013

Começou a confusão!

Depois de 5 horas e meia de viagem de Cambuquira a São Paulo, nos encontramos para irmos juntos para o aeroporto, no Shopping Tatuapé. Mais 13 horas sentados no avião.
Que comida ruim! Os pratos vegetarianos, na verdade eram veganos. Nada de tempero, nada de laticínio, nada de nada. Uma grosma...
Mas nem por isso sofremos. Pés inchando e para me distrair, abria uma frestinha de janela para ver o Sahara e em uma ocasião eu vi vegetação!!! Também vi água, mas não seria um oásis... Era um composto de 5 lagos, mas a vegetação alí era inexistente. Não era miragem, pode ser que fossem lagos de água salgada. No mais, tinha muita areia, onde o sol se reflete fortemente e por isso a recomendação para fechar as janelas, pois a intensa luminosidade pode cegar.
Em Istambul, correndo para pegar o avião para Antalya.
Tudo tranquilo.
Ao chegarmos em Antalya, Gerson e eu ficamos sem nossa bagagem. Tinha ficado em Istambul. Mas então, ninguém sabia. Se estivesse em SP...
O coração batendo na boca. Tudo que eu ia vestir estava na mala, e principalmente os meus suplementos e remédios sem os quais, mal me seguro de pé. tinha dose para mais um dia, na mochila.
Peguei um dinheiro na máquina com o cartão de crédito. Enfiei no bolso do casaco, com o óculos.
Tomamos um taxi para Bacchus Pensyion. E na tensão extrema, lá ficaram o óculos e o cartão, caídos do bolso... Mas eu não sabia!
Fui me dar conta que havia perdido o cartão depois de dois dias. Minha filha colocou em maiúsculas: "SUSTAR O CARTÃO AMANHÃ CEDO, antes que façam mil compras pela internet, se não fizeram ainda".
 Pânico!
Entrei no bankline e para minha surpresa, não me faltava um centavo. Ninguém havia feito compras com meu cartão. Bloqueei tranquilamente. Estava na Turquia.
Esta foi a minha primeira aventura.
No dia seguinte, boas notícias. Nossas malas estavam no saguão do hotel.
A viagem tinha começado...
Descobri também, que não havia formatado meu cartão de fotos. Sei lá eu q precisa formatar, nada...
 Portanto também perdi as fotos que tirei em Antalya e em Termessos. Vou usar o arquivo de fotos do Gé.


Fotografia de Tamer Atahan.
Sabedoria do Mullah Nasrudin

O SABOR DE PERDER...


Nasrudin viu um homem sentado na beira de uma estrada, com ar de completa desolação.

- O que o preocupa? – quis saber.

- Meu irmão, não existe nada interessante na minha vida. Eu tenho dinheiro suficiente para não precisar trabalhar, e estava viajando para ver se havia alguma coisa curiosa no mundo. Entretanto, todas as pessoas que encontrei nada tem de novo para me dizer, e só conseguem aumentar meu tédio.
Na mesma hora, Nasrudin agarrou a mala do homem, e saiu correndo pela estrada. Como conhecia a região, rapidamente conseguiu distanciar-se dele, pegando atalhos pelos campos e colinas.

Quando se distanciou bastante, colocou de novo a mala no meio da estrada por onde o viajante iria passar, e escondeu-se por detras de uma rocha. Meia hora depois o homem apareceu, sentindo-se mais miserável que nunca, por causa do ladrão que encontrara.

Assim que viu a mala, correu até ela e abriu-a, ofegante. Ao ver que seu conteúdo estava intacto, olhou para o céu cheio de alegria, e agradeceu ao Senhor pela vida.



sábado, 16 de novembro de 2013

Que viagem!!!

Não é a primeira e espero que não seja a última vez que nós três viajamos juntos. Desde muito tempo. Desde o começo.
Grandes e pequenas, foram muitas as viagens. A ponto de termos intimidade suficiente de viajar dividindo o quarto. Dividindo espaço, tempo, dividindo tudo.
Esta é uma grande liberdade. Uma oportunidade de estarmos um cuidando do outro, sem distrações, uma oportunidade de comentar o dia, de trocar planos do que fazer amanhã, que horas levantar, quem acorda quem, enfim, os detalhes de bastidores, tão importantes em uma viagem como esta.
Por que justamente agora?
Estamos os três nos aposentando. Se ainda não definitivamente, estamos neste processo de afastamento do trabalho convencional.
Outra oportunidade, só daqui a alguns anos, então tem que ser assim. Decidimos, vamos. Temos acima de sessenta anos, os três, queremos aproveitar o que nos resta de vida, enquanto vida houver.
Por que a Turquia, a Anatólia?
Porque já havíamos viajado pela região anteriormente, em 2009, quando fomos também à Síria. Relatos que iremos redesenhando ao longo destas postagens.
A região é impressionante em termos de geografia, beleza natural e história. História da humanidade. Os primeiros assentamentos humanos, aparecem nesta região do fértil crescente, a Mesopotâmia. Nas cabeceiras do Eufrates e seus tributários, está a Anatólia, a parte asiática da Turquia, que testemunhou o início do estabelecimento da nossa espécie no planeta. Onde o nosso mundo começou, do solo onde se encontram os primeiros instrumentos de pedra lascada, do período Paleolítico, até os dias de hoje em um verdadeiro livro de história disposto em camadas e camadas de solos sobrepostos.
Desde a primeira viagem onde visitamos alguns locais que desta vez repetimos, e para onde certamente iremos novamente, se houver mais viagens como esta.
Por que relatar? Porque foi tão linda, que vale a pena colocar em palavras para que possamos mais tarde reler, reviver, desfrutar de nossas aventuras, outra vez.
Relatar porque também, tudo que aprendemos talvez seja grande demais para contermos, guardar somente para nós o que é de todos, ou deveria ser.
Rever as fotos e localidades por onde passamos, será tão interessante quanto a vez primeira. Há muitas fotos que partilhamos, mas cada um olhou a vida de seu jeito.
Então, vamos tentar dar seguimento a esta ideia do blog.
Talvez possamos mostrar alguma coisa do que vimos.
Ane*
Mosaico de cerca de 4 séculos AC. em primeiro plano, a Chimaera comendo um lagarto, atrás, dois leopardos devorando uma gazela. Qualquer coincidência é mera semelhança...