terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Selçuk


Catedral de São João, antes templo, depois, mesquita, hoje museu. Não o visitamos.


Esta é a cidade atual, onde se encontrava a cidade de Ephesus (Éfeso), onde havia o templo de Diana, que era uma das Sete Maravilhas (hoje só sobrou uma coluna), onde as cegonhas fazem seus ninhos na primavera, onde os corvos fazem revoada todas as tardes e muita algazarra, onde há uma corrida de camelos, no inverno, onde estão construindo um novo museu para abrigar as peças antigas encontradas em Éfeso, pois no antigo não cabia mais.
Apesar de tudo isso, a cidade de Selçuk (diga, Seltchuk), só ganha alguma coisa das visitações à casa de Nossa Senhora, Meryemana Evi (casa de mãe Maria, em turco). Sim, pois os turistas raramente hospedam-se lá. Vem de outros lugares, chegam de manhã, tumultuam a cidade, não compram nada, fuçam e perguntam tudo, visitam as belezas e vão embora, no fim da tarde. A visitação a Ephesus, ao museu, a Pergama é paga, mas o dinheiro fica para a República administrar as escavações e manutenção do museu e a cidade de Selçuk não é beneficiada. Todos os hoteleiros e lojistas falam o mesmo discurso.
Hotéis recebem bem, não são caros, os restaurantes são bons, a loja que vende lokum  é uma das melhores (pelo menos a melhor que conheci) e desta vez, calhamos de estar na feira do sábado. Puxa, que festa para os olhos!
uvas e marmelos
Vendo esta fartura, podemos entender por que a Ásia Menor sempre foi alvo de guerras e necessitava de defesa de território, foi submetida a tantas invasões e passou por tantos reinos.
A fertilidade do solo é impressionante, solo de cinza vulcânica, em sua base, o esterco dos animais de criação, o composto das socas das culturas, que também serve de forragem para os animais, a cultura cooperativa, uma zona rural sem cercas, é o que se vê, na Turquia. E a região de Izmir (a antiga Esmirna, cidade vizinha), é a prova. Ephesus foi a maior cidade da Ásia Menor, tendo uma população média flutuante entre 35 e 50 mil habitantes, no seu auge, no Império Romano, há registro de 250 mil pessoas habitando a "Grande Ephesus".
Além da fertilidade na agricultura, a região é abençoada por águas frescas, o litoral manso uma fartura na criação de animais, também. O símbolo da região de Denizli é o galo (são lindos) e Izmir é a cabra.
Passear pela feira, claro que compramos algumas coisinhas para comer, sendo que, na verdade, eu queria era morar um pouco por lá...
E queria um quintalzinho onde pudesse plantar. A graça de ter um clima tão bom, uma paisagem tão bela, um solo tão fértil, uma alimentação tão saudável, por tantos milênios de civilização, fez da atual Turquia um dos lugares mais disputados do planeta. E fez sua riqueza maior, também, a longa história da humanidade, que foi escrita com sangue, através das milhares de guerras.
A bandeira da Turquia é vermelha com uma lua e uma estrela. Diz a lenda que representa uma poça de sangue refletindo a lua e Júpiter, no céu.
berinjelas, pimentas doces, milho

salada
Depois do almoço, então, tomamos uma lotação até Meryemana. Fomos atender o pedido de um rapaz, e já fizemos uma lista enorme de outros pedidos em nome de muitas pessoas, tentando não esquecer do nome de ninguém.
Em Meryemana, tinha muitos turistas, ao contrário da vez primeira em que fomos visitar a Mãe.
Entrar em Sua casa é uma emoção indizível. Recebe-nos tão bem, acolhe-nos a todos com o mesmo amor e sabedoria.
Até o Les, tão frio e descrente, foi com dor de cabeça e ficou curado. Admitindo isso!


Meryemana, infelizmente estava lotada de pessoas, inclusive algumas meio passando dos limites, mas apesar do pouco espaço da capela, havia um lugar para todos na casa de Maria.
Esta casinha, onde supostamente ascendeu aos céus, tem certamente uma presença. Uma presença tão boa e generosa, tão afetuosa, que a vontade que se tem é de ficar lá, e no feriado do Bayram, Sua casinha lotou de gente islâmica, orando e reverenciando a Mãe Maria.
Muitos muçulmanos respeitam, vem de longe para adorar Santa Maria, fazer suas preces e pedidos no seu muro da fé.
cores e cores

Tudo arrumadinho e limpo: sem sujeira no chão
Foi visitada por muitos papas, principalmente João XXIII, antes de ser papa e depois.
O local foi considerado sagrado por Paulo VI.
é uma peregrinação católica, mas que gente de todas as religiões deveria conhecer, se tiver oportunidade, pois há um contato íntimo com o Amor de Maria.
É o que você sente lá dentro. Uma energia que irradia e é o seu princípio feminino.
Ainda queremos retornar a Selçuk, há muito que conhecer no lugar, há uma citadela onde nunca fomos, há Pergama, por perto, queremos ver o museu novo (o velho era lindo! pena que era proibido fotografar, lá dentro, mas figuras como Sócrates, que era efésio, algumas esculturas lindíssimas (o primeiro Júpiter com nariz que eu vi na vida, foi lá - os bizantinos faziam questão de quebrar o nariz dele) e principalmente a deusa Ártemis, do Templo de Diana de Ephesus, com suas mil tetas.
Também de uma força incomensurável esta imagem. Também a força do princípio feminino. Mas de uma forma mais dura que Maria, branda, doce e serena.
Banca do absoluto delírio
A escultura de Diana, com "tetinhas" inúmeras, é o culto primitivo da deusa grega, que recebia como oferenda os testículos dos eunucos, que se consagravam à sua  tutela. Imagino esse templo, a maravilha do mundo antigo, o cheiro que devia ter!!! Acredito que não gostaria de viver no hotel onde ficamos, pois ficava a uns 500m da coluna restante do que foi um dia, o templo de Diana.
Uma coisa meio chocante aconteceu: estávamos visitando a mesquita, logo em frente ao hotel, quando um turista dinamarquês, bem loirinho e bonito, arrancou suas calças mostrando um bumbum bem bonito, na porta da mesquita. Seus companheiros de turma (claro que não estava sozinho, se estivesse, jamais ousaria) falaram isso, aquilo, lá na língua deles, mas acabaram rindo.
Será que ele ficou tão influenciado pela mídia que fala tão mal do islamismo? Será que não entendeu que não é a religião que é terrorista, mas que os terroristas é que usam o nome de Allah para fazer suas ações? Será que estava mesmo protestando? Ou será que faltou uns tapas naquela bundinha cor-de-rosa, quando ele era pequeno? Fica a pergunta no ar.
Mesquita de Selçuk
Em Selçuk o  artesanato é forte. Vimos muitas coisas lindas e de preço bem legal. A culinária, também, é muito boa. mas bom mesmo é o astral daquela cidade tão linda. Queremos voltar.



segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Hüsnü Şenlendirici Hasretinle yandı gönlüm



Então, bem cedinho, lá pelas 6, estávamos no kahvalti do hotel Bella
Maritima, em Pamukkale, dando nosso adeus a esta cidade que não era mais
a mesma de cinco anos atrás. Muito mais voltada para o comércio e o
turismo, em vez de promover as belezas naturais, como da outra vez. Tudo
estava muito mudado. Os restaurantes cobravam muito caro, mal servido,
as lojas, com um preço pouco amigável, cidade cheia de gente, o que nos
fascinou mais foi a chuva de madrugada e a água das travertines, que
corre pelas ruas, deixando a cidade toda incrustada de calcário bem
branquinho e aquele som de água corrente, bem gravado na memória. Talvez
não voltemos mais a Pamukkale, mas como Denizli, a província onde está
situada, tem muitas atrações, voltaremos à região.

Devíamos ir a
Selçuk, não para conhecer Éfeso, que já vimos na outra viagem, mas para
colocar um pedido, na parede da casa de Nossa Senhora, Maryenama.

Não
é a praia do Les, mas o Gé e eu havíamos ido da outra vez e fizemos
questão de voltar, e para a próxima viagem à Turquia (Inch'Allah), já
está marcado: voltaremos a Selçuk, pois ainda há muito o que ver por lá.

Nossa estadia durou somente um dia, mas vale a pena falar sobre ele. Mas mais tarde...

Agora, só uma canção.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Laodiceia


Quando estávamos indo de Hierápolis para Afrodísias, passamos por uma placa marrom (na Turquia, as placas marrons significam sítios históricos ou arqueológicos) sinalizando LAODYKIA. O nome me pareceu tão conhecido que em um segundo deu o estalo: Laodiceia, uma das igrejas da Ásia Menor, na Bíblia, Atos dos Apóstolos, Paulo, por aí. Mais que depressa, falei bem alto: Na volta, vamos parar em Laodiceia, para o motorista. E ele registrou. Os meus dois companheiros concordaram, afinal, estávamos alí para ver. Tudo. Então vamos a Laodiceia.
A van nos deixou na encruzilhada e marcaram que nos buscariam em algumas horas, no mesmo local. O portão de entrada ficava a uns 150m.
Ao chegar, a surpresa: um entreposto de compras, com necessities, como em todo sítio, mas nada de ruínas. Para não dizer que nada havia, umas pedras assinalando alguma edificação. Os dois já me olharam rindo e falando: Laodiceia, queremos ver Laodiceia, mas cadê Laodiceia! eu respondi, "Sei lá" e fomos subindo a ladeira.
O pasmo foi quando chegamos ao topo da colina: Lá estava, em toda sua imponência, a cidade de Laodiceia.
Os trabalhos de escavação de Laodiceia começaram na ultima década do século XX, também em conjunto com uma universidade italiana e outra alemã. Mas em 1996 houve um terremoto que colocou abaixo muito do esforço envidado pelos arqueólogos e restauradores. Ainda, a maior parte de Laodiceia esta oculta pela terra. Ainda há muito o que escavar.

Igreja da Ásia Menor, vista do templo da deusa Síria. Coexistência de religiões, no Império Romano. A intolerância dos cristãos aniquilou séculos de cultura greco-romana.
Em um dos lados da cidade, fica o templo da deusa Síria (a personificação da estrela Sírius, a mais brilhante), e do lado oposto, a basílica bizantina, uma das igrejas da Ásia Menor.
Diz-se das três cidades importantes da região: Laodiceia, Hierápolis e Colossos, que Hierápolis tem as fontes de água quente e medicinal, que Colossos tem fontes de água gelada e ótima de beber e Laodiceia captava água de um rio de água quente, salobra, da região, mas distante a tal ponto, que quando chegava na cidade a água estava morna. Este fato foi usado como metáfora, na carta aos Colossenses, de Paulo.
Templo da deusa Síria. Do templo, avista-se ao longe, Hierápolis, com as travertines (Pamukkale)
Andamos pela cidade que outrora comercializava um remédio para os olhos, sua indústria têxtil era muito importante e tinha os primeiros bancos. Por isso, também bastante criticada.
Pouco se sabe ainda desta cidade, que sofreu inúmeros terremotos, sendo o último no século VIII AD, quando deixou de ser reconstruída.
Obras de restauração da basílica.






Passeamos por suas ruas, visitamos os dois teatros impressionantes, visitamos quase tudo que o sítio oferece para ser visto. Só não vimos o que estava coberto ou em obras.
Descemos a ladeira, passeamos pela vila, o Les encontrou uma nogueira com fruta, havia duas nozes, deliciosas. Ele também achou um figo branco. Estava de sorte. Quando chegamos à estrada, logo chegou a van que nos levaria de volta a Pamukkale. De lá seguiríamos para Selçuk, de trem, no dia seguinte cedinho.
Vista geral de Laodiceia
Templo de Ártemis e ao fundo, à direita, as travertines de Pamukkale (branco).

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Afrodísias - tradução e pitacos.



Sebasteion (a maioria dos relevos originais, se encontram no museu)
Reclinado em seu divã, em sua vila, em Roma, de luto por Antínoo, o imperador Adriano decide encomendar mais uma estátua de seu amante morto, para Pápias, de Afrodísias. Não se esquece também de pedir para que fizesse uma versão mais delgada da estátua de Antonino, outro escultor de Afrodísias, para facilitar o transporte, estátua esta que se encontra, hoje, em Roma. Porque em Afrodísias, que fica em um plano a uns 100 km de Hierápolis, era sede de uma escola de escultores e sua fama era conhecida em todo Império e muito do que estes artistas criaram, pode ser visto no museu recentemente construído para abrigar os objetos desta cidade.
A ágora, com seus mosaicos e piscinas já protegidos para o inverno.

O Vestíbulo dos Imperadores, onde a estátua de Domiciano foi quebrada em trinta pedaços, por ordem do Senado, em sua morte, em 96 AD, e foi restaurada ou o Odeon, com seus filósofos e poetas.
Mas as esculturas mais impressionantes são os relevos do Sebasteion. Eles foram removidos das escavações do complexo do Sebasteion, um caminho com pórticos de três andares de cada lado, conduzindo ao templo de Augusto. Uma pequena porção ainda permanece (na foto acima) e fotografa alguns heróis mitológicos e as famílias dos imperadores romanos. Foi iniciada por Zoilos, um grande bem-feitor de Afrodísias e concluídos por outras famílias de patrícios importantes. Zoilos, de humildes origens escravas, foi favorecido pelo imperador Augusto e ele, em retorno, financiou muitas construções em sua cidade natal. No palco lateral do Teatro, uma carta de Augusto está inscrita:
"Esta é a única cidade da Ásia, que eu tomaria para mim".
A ágora, vista total

Templo de Afrodite, tendo ao fundo as paredes da basílica bizantina que foi construída sobre ele, usando o material de construção do templo, que era enorme e ficou reduzido a essas 14 colunas.

No entanto, se você passasse por este lugar, há uns 50 anos, você procuraria em vão por sua glória, pois Afrodísias começou a ser excvada nos anos 60s. A pequena vila que estava no centro, foi removida para outro lugar alí perto (Geyre), os relevos e esculturas foram restaurados e um museu foi construído para eles.
Como o nome indica, era a deusa Afrodite, a deusa do amor e da beleza, que presidia a cidade. Há diversas estátuas, bustos e cabeças da deusa e o imponente Templo de Afrodite, datado dos tempos mais antigos mas ampliado por termas, que datam da visita de Adriano, provavelmente em 123 AD.
Estátua emasculada e mutilada pelos bizantinos, do imperador Adriano, diante do Tepidarium das termas que levam seu nome. Os bizantinos execravam os banhos mistos dos romanos.

Afrodite, na Anatólia, simbolizava a fertilidade, mas a beleza de Afrodísias é o maior presente seu, que ainda permanece. Você faz uma ideia de como era lindo, vendo a reconstrução gráfica computadorizada, no museu. A porta monumental (Tetrapylon), a entrada do templo de Afrodite, um estádio em tamanho olímpico (para uma cidade de dez mil habitantes), o Sebasteion, magicamente restaurados ao toque de um botão, é desafiador para nossa imaginação.

Teatro grego, destruído nos terremotos do século IV e VI.
A reconstrução ajuda, pois pouco restou do templo, depois de alguns terremotos e o vandalismo dos cristãos bizantinos. Apenas 14 colunas ainda existem. Adriano não se surpreenderia com a destruição nem com o fanatismo dos cristãos ou o contraponto islâmico, de hoje. Os deuses antigos eram parte de uma totalidade. Coexistiam e complementavam-se e Afrodísias é um testemunho da igualdade religiosa.
(texto de Leslie Walsh, traduzido por mim)

Estádio gigantesco, que foi subdividido depois do terremoto do séc. IV, para servir de teatro, também, além de hipódromo e para atletismo e lutas de gladiadores com ou sem feras.
 Há ainda muito a falar sobre Afrodísias, esta cidade da Cária, que já foi persa, foi do império grego, foi anexada ao império romano, depois dos romanos, foi tomada pelos cristãos bizantinos, dessacralizada, massacrada, quebraram a estatuária, destruíram o templo de Afrodite, reconstruíram a cidade toda com as pedras das ruínas, foi  ativa até o século VI, quando um enorme terremoto acabou com o sistema de encanamento e captação de água, alagando parte da cidade.
Seu maior tesouro em esculturas, encontra-se no museu anexo ao sítio, onde estão os afrescos do Sebasteion, que estavam em suas paredes internas e externas e as estátuas que ficavam em cada vão entre duas colunas no pórtico inteiro.
Alguns afrescos do Sebasteion, no museu


Era no Bouleiterion que os patrícios se reuniam para discutir os problemas da cidade, ouvir os filósofos, os poetas e cantores.
A acústica era perfeita, pudemos ouvir as instruções do guia francês que acompanhava um grupo, falando baixo e confortável, a uma boa distância do orador. Foi muito aplaudido no final da explicação.




Bouleiterion


 No museu, está também, a estátua da deusa, que ficava encerrada no sanctum do templo, sendo vista apenas pelos sacerdotes do templo. Os bizantinos quebraram seu rosto, com medo do seu olhar. Assim, depois fizeram os otomanos, com os ícones bizantinos. Cada povo, com a sua religião intolerante, destrói o que o povo anterior deixou de belo. Como os talibãs destruíram aqueles budas, no Afganistão.
A intolerância deixa suas marcas ao longo das civilizações.


Afrodite, sem face.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Afrodisias


The Hall of Emperors

Extended on his couch in his vila in Rome grieving for Antínous,the Emperor Hadrian decides to order a new statue of his dead lover from Pápias of Afrodisas. He doesn 't forget to ask for a slimmed down version of the copy, created by Antoniano another sculptor from Afrodisias,that is today in Rome, to make its transport easier. For Afrodisias which lies on the plain some 100km west of Herapolis was home to a school of sculptors and their fame was known throughout the Empire and much of what these artists created can still be seen today in the recently built musem for the artefacts of the town.
The Hall of the Emperors where Domician´s statue broken into 30 pieces by order of the Senate on his death in 96AD has been restored or the Odeon hall with its philosophers and poets.
But it is the Sebasteion relief sculptures that are the most impressive. They have been removed from the excavations of the Sebasteion complex, a holy path with 3-storey porticoes on both sides leading to the Temple of Augustus. A small portion remains in place and depicts both mythological subjects and the Roman Imperial family. It was begun by Zoilus one of the great benefactors of Afrodisias and continued by other patrician families. Zoilus of humble slave origins had been favoured by the Emperor Augustus and in turn financed much of the building in his native city. On the stage wall of the theatre a letter from Augustus is inscibed,
 ´This one city I have taken for my own out of all Asia`.

Sebasteion
Yet if you had passed this place only 50 years ago, you would have searched in vain for its glory for Afrodisias has only been excavated since the 1960´s. The small village at its centre was moved to a new site nearby and the reliefs and sculptures restored and a museum built for them.
As the name implies it was Afrodite, the goddess of love and beauty who presided in the town. There are numerous statues and heads of the goddess and the imponent Temple of Afrodite dating from earlier times but enlarged and provided with baths for Hadrian´s visit probably in 123AD.

Templo de Afrodite (parte de trás)

Afrodite in Anatolia symbolised fertility but the beauty of Afodisias is its lasting gift to the modern world. You get an idea how beautiful from the computerised recontruction in the museum. The monumental gate [Tetrapylon], the entrance to the Temple, an olympic size stadium [for a population of less than 10,000], the Sebasteion and Temple of Afrodite magically restored on the click of a button defy our imagination.
Entrada do Templo de Afrodite, o Tetrapylon
The reconstruction helps for not much remains of the Temple after earthquakes and the vandalism of the Christian Byzantines. Only 14 colunms remain, Hadrian would not have been surprised by the destruction or christian fanaticism, or its islamic counterpart today. The old Gods were part of a totality, they co-existed even complemented each other, Afrodisias is witness to religous equality.
Estádio

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Pamukkale, pela segunda vez!

Travertines
Repetir Pamukkale, sim, porque aquele lugar é mágico, porque queríamos ver o andamento dos trabalhos de escavação, porque não tínhamos ido a Aphrodisias, da vez passada e queríamos ir e acabamos conhecendo Laodikea, de quebra. Ainda tínhamos vontade de entrar naquela piscina quente, onde outrora, Cleópatra tomou banho!!! Puxa vida! Que maravilha tomar banho na mesma piscina que Cleópatra! Já ia me sentindo Elizabeth Taylor.
Tomamos um ônibus que parava onde quer que alguém estendesse a mão. Desde o começo estava lotado, mas ninguém em pé. Minha curiosidade era tão grande, que qualquer desconforto foi despercebido. No ônibus, tinha água à vontade. O passageiro pega seu copinho.
Escavação da Basílica de São Felipe - Bizâncio
Quando chegamos em Pammukale, era finzinho de tarde, escurecia e as ruínas de Hierápolis, no alto da montanha branca, pipocavam flashes!! Cheias de gente. Turismo do Bayram, simplesmente. É claro que muitos turcos não conhecem o complexo Hierápolis/Pamukkale, como nem todos nós, brasileiros conhecemos as cataratas do Iguaçu, o Pantanal ou a Amazônia. Aproveitam o Bayram para conhecer as maravilhas de sua terra, espalham-se pelo país e tem acesso gratuito ou muito barato. É só falar em turco e dizer a saudação do Bayram, do dia, que nós turistas não conhecemos. É simples. E nem mesmo sendo instruídos por algum turco, na hora de falar a saudação, tínhamos esquecido. Que língua!
No dia seguinte, fomos conduzidos por nosso hoteleiro, a uma montanha que faz fundo a Hierápolis, para ver a cidade de lá de cima. Estava ameaçando chuva.
De lá, fomos a uma fábrica de tapetes, claro, porque quem vai à Turquia acaba passeando no tapete voador infalivelmente, enquanto eu me preocupava, em vão, com o banho de Cleópatra.
Quando chegamos a Hierápolis, já passava das dez e eu senti perdido nosso banho, pois quando fomos à piscina quente, havia uma multidão! Ainda desta vez, ficamos na vontade. Quem sabe, na próxima vez! Inch'Allah...
O espetacular teatro de Hierápolis, restaurado, com travertines ao fundo.

Revimos as ruínas daquela linda cidade balneária. Hierápolis é uma versão romana de uma cidade SPA. Águas termais com uma grande variedade de sais dissolvidos, a uma temperatura que varia de 35ºC a 50ºC, portanto agradabilíssima à pele e acima da nossa temperatura, o que favorece a absorção dos sais minerais. Enfiamos nossos pés em um jorro que saía e lá ficamos por uns bons 20 minutos, para compensar a falta do nosso banho de piscina, fazendo escalda-pés.
Ficamos sabendo um pouco mais sobre Hierápolis. A cidade, originalmente Frígia, foi tomada por Alexandre, depois ocupada pelos romanos, depois pelos bizantinos - lá foi martirizado e sepultado São Felipe, onde os cristãos de Bizâncio construíram uma grande basílica. Depois, os otomanos construíram a cidade de Pamukkale, que fica logo abaixo de Hierápolis, tendo como divisa entre as duas, as lindas travertines, formadas pela água calcaria.
A cidade romana de Hierápolis, é linda e decorada com ciprestes e jardins. Agora está se tornando famosa, porque um arqueólogo descobriu uma das portas do Inferno, nos arredores de Hierápolis. Medo!
Termas romanas

Portal da cidade romana de Hierápolis

As escavações de Hierápolis romana e frígia, são realizadas por universidades da Turquia e da Itália. As escavações da basílica bizantina, são conduzidas pela igreja ortodoxa russa. Agora estão fazendo os preparativos para a missa do papa, neste ano ou em 2015, quando for concluída a restauração da basílica.
E este é mais um motivo para que em alguns anos, queiramos voltar a Pamukkale para ver como ficou!
Escavações da Basílica de São Felipe - em torno do século IV DC



terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Viagem de Fethiye para Pamukkale




Esta realmente foi uma viagem para a Turquia.
Éramos os únicos turistas de fora, no ônibus. Percebi que as pessoas estranhavam meus braços nus. No litoral, junto com a turistada, ninguém ligava...
Como já foi dito, estávamos viajando no Bayran, feriado religioso, como se fosse o Natal. Todo mundo viaja e os meios de transporte, nesta época, estão congestionados, pois os turcos tem privilégios. Nada mais justo. Primeiro o povo da terra, depois os turistas. Cultura nesta época é grátis, os museus estão lotados, os sítios arqueológicos e qualquer tipo de visitação turística, sempre tinha muitos turcos.
Isso foi muito bom, porque forçou nossa convivência com eles, conversamos, nos entendemos, foi muito legal. Eles puxam papo, como nós, ficam curiosos sobre quem seríamos, dão um simit, uma fruta, um chá, são hospitaleiros, de fato. Esta é uma atitude de paz e amor. Sorrisos e mímicas de acolhida, sempre são facilitadoras. Tudo fica mais tranquilo.
E lá fomos nós repetindo Pamukkale.

Kayaköy - tradução e pitacos

A capela parece estar chorando
Em uma visita anterior ao oeste da Turquia, eu sempre notava as igrejas abandonadas, casas abandonadas em cidades e vilas da Capadócia, ou Eğirdir, na região dos lagos, e a questão dessas comunidades me assombra desde então...O que aconteceu a essas pessoas? O que sentiram ao terem que deixar suas casas,  na troca de populações, nos anos 20s? Também fiquei fascinado ao ler o livro de Louis de Bernières, Pássaros sem Asas, há alguns anos atrás. O cenário de seu livro é a região de Fethiye, na antiga Termessos.
Bem no fim da narrativa, ele anda pelo centro da cidade pensando no que o turismo fez, mas é inquietante quando diz: " A coisa mais inquietante e digna de nota, em Fethiye, na feira livre e na região da Lícia, é que não há gregos".
Foto retirada da net (Google)


O livro de Bernières é baseado na cidade Kayaköy, a 8km de Fethiye. Para chegar lá, você passa por Hisrönü, a terra do English Breakfast e do Fish and Chips e depois de um quilômetro, o ônibus lhe deixa na "vila grega", de Kayaköy, exceto que, é claro, como de Bernières nos contou, que não há mais gregos. A cidadezinha ou o que resta dela espalha-se a partir da estrada, pela encosta da montanha. Hoje suas ruínas passam um sentimento austero e melancólico, como todas cidades abandonadas, mas vou deixar Louis de Bernières descrevê-la.
Foto retirada da net
"Suas ruas eram tão estreitas, mais como becos, mas sem o sentimento opressor de fechado, porque os edifícios estão na encosta de um vale, de tal forma que cada rua recebia luz e ar........... provavelmente não haja lugar como aquele..... cada habitação tem o andar de baixo escavado na rocha. Estes andares térreos eram abençoados pelo frescor, no verão e no inverno, eram normalmente ocupados pelos animais, cujo calor natural aliviava o frio do andar superior, cujo acesso era através de uma escada de madeira ou degraus cortados na rocha."
Os caminhos, não dá para chamar de ruas, serpenteiam montanha acima e de tempos em tempos, quebram-se em grandiosas vistas do mar, através do vale. Duas igrejas sobrevivem, a mais no alto, foi fechada por perigo de desmoronamento, a mais em baixo, também em mau estado de conservação.
Kayaköy sofreu de novo, nos anos 50s, quando terremotos destruíram os telhados e o governo consentiu que a população aproveitasse o madeirame utilizável. Circulam rumores de reconstrução pelo governo ou com capital privado, mas estas ideias provavelmente darão em nada. Quem gostaria de retornar para esta cidade fantasma onde os carros não podem trafegar, com suas curvas e trilhas em precipícios, quando os cavalos e mulas que escalaram suas encostas quase desapareceram...
Kayaköy e outras cidades cristãs, no oeste da Turquia, porque cristão e grego são sinônimos, na mente turca, foram desertados e abandonados à sua sorte, com mais de um milhão indo para a Grécia e a metade deste número, de turcos que habitavam na Grécia, chegando na Anatólia. O desespero foi devastador.
A Turquia moderna tem achado difícil aceitar o velho ideal otomano de igualdade para as minorias. A triste Kayaköy permanece como monumento a esta falha.

PS. Não tirei muitas fotos de Kayaköy, estava ocupada chorando... (eu também li o livro!)- Ane*
Foto retirada da net



quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Fethiye/ Kayaköy


On a previous visit to Western Turkey I´d often noticed the abandoned churches and houses in the towns of Cappadocia or Egirdir in the lake distict, and the question of these communities has haunted me since.....what happened to these people, how did they feel having to leave their homes in the 1920´s in the population exchanges? So I was fascinated to read Louis de Berniere´s novel, ´Birds without wings` a few years ago. His book is set in the region of Fethiye, the old Termessos .At the very end of the narrative he walks through the centre musing on the modern tourist town it has become but disquietingly says,´the truly anomolous and remarkable thing about Fethiye,its market and the region of Lycia, is that there are no Greeks`.
Now de Beriere´s novel is based on the little town of Karakoy some 8 km from Fethiye. To get there you take a bus through the ´Full English Breakfast, Fish and Chip` land of Hisronu where after a kilometre the bus lets you off at the´ Greek Village `of  Kayaköy except of course as de Berniere has told us there are no Greeks. The town or what´s left of it rises from the road and covers most of the hillside. Today its ruins have a stern and melancholy feel as abandoned places do but I´ll let de Berniere describe it,......´´ It´s streets were so narrow as to be more like alleyways, but there was no oppressive sense of enclosure since the buildings were stacked up one slope of a valley,so that every dwelling received light and air......there was probably no other place like it.......each habitation had its lower rooms carved directly out of the rock. Those lower rooms were blessedly cool in the summer and in the winter were commonly occupied by animals whose natural warmth eased the chill of the room above which itself was accessible either by a wooden ladder or stairs cut out of the rock.``
The little pathways, you ca´t call them roads wind their way up the townand from time to time break out into grand views across the valley to the sea. Two churches survive, the upper which was closed and deemed to  be unsafe, the lower which was open but also in a bad state of repair. Kayaköy suffered again in the 1950´s when earthquakes destoyed the roofs and the government allowed local  people to salvage \ steal the remaining timbers. Rumors of reconstruction by government or private money circulate but such ideas will probably come to nothing. Who would want to return to this ghost town for no car could navigate its winding and precipitous paths and the donkeys and horses that once climbed its streets have more or less disappeared.
Kayaköy and other christian villages in Western Turkey for christian and greek were interchangeable in the tukish mind were deserted and abandoned with more than a million fleeing to Greece and half that numberof turks arriving in Anatolia. The upheaval was devastating. Modern Turkey has found it difficult to accept the old Ottoman ideal of equality for minorities, sad Karaköy stands as a monument to this failure.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Fethiye - a nossa última praia


Por de sol espetacular em Çalış plajı- Fethiye


Fethiye é uma grande cidade, hoje, como era na antiguidade. Agora é bem moderna, mas as tumbas lícias ainda se misturam às ruas e bairros da cidade. Mas nós não ficamos na cidade.
Em Fethiye há praias lindas, pois é uma baía tranquila toda cercada de ilhas e barrada por uma península. Ficamos em Çalış plajı, onde alugam apartamentos para famílias. Pegamos o finalzinho da temporada de verão, apesar de já estar no outono, com a praia menos lotada de turistas ingleses,alemães e russos, principlamente. Tinha mais turistas turcos, pois estávamos nos feriados do Bayram, quando os turcos viajam bastante, como na Semana Santa nós também fazemos e estão em todos os lugares históricos e museus, pois as visitações, para os turcos, são grátis.
Os hotéis-apart são um verdadeiro luxo! Dentro do hotel, todo o conforto e privacidade de um apartamento, você pode optar entre tomar suas refeições no restaurante do hotel, à beira da piscina ou fazer suas refeições no seu apartamento. Nem por isso é caro.
Chegamos num domingo cedo, exatamente dia de feira e foi como nos resolvemos definitivamente pela segunda opção. Compramos mantimentos e cozinhei por alguns dias.
Conjunto de tumbas lícias, perto do centro de Fethiye

Entendi por que os ingleses e alemães, principalmente, mas turistas de todos os países da Eurásia, russos, dinamarqueses, noruegueses, chineses, coreanos, japoneses e até gregos, preferem ir passear nas praias da Turquia. Há mil maneiras de fazer turismo, é tranquilo, seguro, interessante e não é caro. Quer melhor do que isso?
Os turcos também procuram agradar os turistas servindo pratos que eles mesmos não comem, como presunto, bacon, por exemplo, e bebidas alcoólicas. Nas cidades próximas a Fethiye, também, há muitos restaurantes chineses. 
Nosso hotel-apart (10-apart Hotel), fica localizado nos fundos e ao lado de mais dois outros. Cada qual com sua piscina, restaurante, etc. 
Na manhã de segunda-feira, iríamos ao centro da cidade e enquanto nos arrumávamos, ouvimos uma cantoria. Vozes femininas cantando em inglês. Parecia ensaio de um coral... e era. Saímos, passeamos por Fethiye, com suas tumbas escavadas nas montanhas, inclusive a tumba onde estavam os restos mortais de  São Nicolau, que foram transportados para Bari, na Itália, em 1821, para que não fossem dessacralizados pelos otomanos. As ruínas são preservadas mesmo em locais incômodos. O que mais me intrigou, foi um sarcófago o meio de uma rua.
De lá fomos a Kayakoy, uma cidade grega em ruínas, que será assunto do Les na próxima postagem.
Sarcófago preservado, no meio da rua!
Ao chegarmos ao hotel, enquanto preparávamos nosso almoço, escutamos a mesma cantoria feminina e um som de sinos! Fomos espiar pela janela e lá estavam elas. Um coral de senhoras inglesas, com o simpático nome, Cantabile, ensaiando sem parar suas canções, alinhando-se ao lado da piscina para sua apresentação. Quase ninguém prestava atenção, pois "queimaram" o repertório durante o dia todo, mas elas estavam muito felizes e é o que importa. Nós espiávamos, dançando,  pela janela e fomos a grande plateia-fantasma, que as aplaudia, de não se sabe de onde. Entre as músicas de seu repertório, estava uma que o Gerson e eu usamos para perturbar o Les, até o fim da viagem, ou melhor, até hoje...
    Cantabile cantando e tocando sino. 

A música é esta aqui: 

http://www.youtube.com/watch?v=LnrjaehXPXs


A praia onde ficamos tem as seguintes características, O mar é manso, temperatura da água é agradável, você pode nadar bastante, é muito gostoso, no outono e deve ser também, na primavera, mas no verão, acima de 40ºC, deve ser infernal!!!
Mas os ingleses adoram!