Perge era uma grande cidade. Capital da Pamphilia, no Império Grego, absorvida pelos romanos, hoje é feita de ruínas, a cerca de 15 km de Antalya. Fiquei admirada em saber quanto calor faz no litoral turco. É realmente muito quente, no verão, chegando facilmente à marca dos 40ºC. Durante o inverno, os dias são ensolarados, as noites, mais frias. A temperatura em Antalya era cerca de 25ºC durante o dia e à noite, caía um pouco mais, mas com uma camisa de manga comprida, estávamos confortáveis.
Durante o caminho para Perge, choveu muito. Uma chuva morna, trazendo mais evaporação. Quando lá chegamos, parou de chover, e estava claro quando saímos, mas no caminho para Side, choveu novamente - era o Outono definindo as temperaturas. O céu com mil cores cinzentas, apresentava o espetáculo de conhecer aquela grande cidade.
Perge era sede administrativa do porto de Side, as duas cidades mais importantes da província de Pamphilia.
A cidade é grandiosa, mas muito do sítio é interditado à visitação turística, porque estão ainda escavando e restaurando edificações, como o teatro, que estava totalmente coberto, um dos templos, também, mais uma parte da cidade, não pudemos entrar. E ainda assim ficamos cansados de percorrer o restante da cidade.
As termas de Perge são lindas. O terremoto destruiu as piscinas porém deixou uma verdadeira radiografia de como funcionavam as caldeiras, para aquecer o caldarium.
De acordo com uma explicação que ouvi, grandes tachos de cobre eram aquecidos e o vapor aquecia a piscina do Caldarium (banho de água quente) sobre as caldeiras, a temperaturas quentes porém suportáveis. O vapor condensava nas paredes internas e quando havia vapor demais, era liberado para aquecer a piscina ao lado, do Tepidarium (banho de água morna). Depois de passar pelo banho morno, havia um banho frio, no Frigidarium, que estimulava a circulação, sem fazer choques térmicos. Depois disso, a pessoa era besuntada com azeite de oliva, que penetrava fundo na pele, já amolecida pelos banhos, era raspada com um instrumento feito de osso ou marfim, que cada um tinha o seu, e saía toda a sujeira e pele velha. Então era massageado com ervas e voltava para o ciclo de banhos, no Caldarium.
Depois da última ida ao Frigidarium, a pessoa estaria completamente limpa e pronta para a próxima orgia...
Antes de entrar no banho, talvez esperando em uma fila, havia esta arcada de colunas na entrada do balneário, chamada Parlatorium, que era onde a galera ficava batendo papo, falando uns dos outros, das celebridades, das festas, dos cultos, do seu gladiador favorito, enfim, o que falam as pessoas.
Céu de chuva |
Esta ideia, de fazer correr um canal de água pela cidade, foi copiada em uma das ruas principais de Antalya, onde passa o bondinho. A avenida é linda, sombreada e fresca, e o canal parece ser o responsável por esta delícia.
Nas ruínas de Perge havia muitos turistas. Foi difícil tirar fotos sem eles. Mas consegui algumas interessantes, mesmo assim.
Canal que sai do Nymphaeum e percorre toda a avenida. |
Falando nisso, acho que está na hora de reler, "Memórias de Adriano", de Marguerite Yourcenar...
Recomendo.
Ao fundo, o Nymphaeum. |
É magnífica a sua descrição de Perge Ane, É realmente tão rica em qualidades narrativas que a gente "viaja" pelo tempo e vivencia o pulso da antiga cidade sem sequer ter visitado as ruinas !!
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