domingo, 26 de janeiro de 2014

Laodiceia


Quando estávamos indo de Hierápolis para Afrodísias, passamos por uma placa marrom (na Turquia, as placas marrons significam sítios históricos ou arqueológicos) sinalizando LAODYKIA. O nome me pareceu tão conhecido que em um segundo deu o estalo: Laodiceia, uma das igrejas da Ásia Menor, na Bíblia, Atos dos Apóstolos, Paulo, por aí. Mais que depressa, falei bem alto: Na volta, vamos parar em Laodiceia, para o motorista. E ele registrou. Os meus dois companheiros concordaram, afinal, estávamos alí para ver. Tudo. Então vamos a Laodiceia.
A van nos deixou na encruzilhada e marcaram que nos buscariam em algumas horas, no mesmo local. O portão de entrada ficava a uns 150m.
Ao chegar, a surpresa: um entreposto de compras, com necessities, como em todo sítio, mas nada de ruínas. Para não dizer que nada havia, umas pedras assinalando alguma edificação. Os dois já me olharam rindo e falando: Laodiceia, queremos ver Laodiceia, mas cadê Laodiceia! eu respondi, "Sei lá" e fomos subindo a ladeira.
O pasmo foi quando chegamos ao topo da colina: Lá estava, em toda sua imponência, a cidade de Laodiceia.
Os trabalhos de escavação de Laodiceia começaram na ultima década do século XX, também em conjunto com uma universidade italiana e outra alemã. Mas em 1996 houve um terremoto que colocou abaixo muito do esforço envidado pelos arqueólogos e restauradores. Ainda, a maior parte de Laodiceia esta oculta pela terra. Ainda há muito o que escavar.

Igreja da Ásia Menor, vista do templo da deusa Síria. Coexistência de religiões, no Império Romano. A intolerância dos cristãos aniquilou séculos de cultura greco-romana.
Em um dos lados da cidade, fica o templo da deusa Síria (a personificação da estrela Sírius, a mais brilhante), e do lado oposto, a basílica bizantina, uma das igrejas da Ásia Menor.
Diz-se das três cidades importantes da região: Laodiceia, Hierápolis e Colossos, que Hierápolis tem as fontes de água quente e medicinal, que Colossos tem fontes de água gelada e ótima de beber e Laodiceia captava água de um rio de água quente, salobra, da região, mas distante a tal ponto, que quando chegava na cidade a água estava morna. Este fato foi usado como metáfora, na carta aos Colossenses, de Paulo.
Templo da deusa Síria. Do templo, avista-se ao longe, Hierápolis, com as travertines (Pamukkale)
Andamos pela cidade que outrora comercializava um remédio para os olhos, sua indústria têxtil era muito importante e tinha os primeiros bancos. Por isso, também bastante criticada.
Pouco se sabe ainda desta cidade, que sofreu inúmeros terremotos, sendo o último no século VIII AD, quando deixou de ser reconstruída.
Obras de restauração da basílica.






Passeamos por suas ruas, visitamos os dois teatros impressionantes, visitamos quase tudo que o sítio oferece para ser visto. Só não vimos o que estava coberto ou em obras.
Descemos a ladeira, passeamos pela vila, o Les encontrou uma nogueira com fruta, havia duas nozes, deliciosas. Ele também achou um figo branco. Estava de sorte. Quando chegamos à estrada, logo chegou a van que nos levaria de volta a Pamukkale. De lá seguiríamos para Selçuk, de trem, no dia seguinte cedinho.
Vista geral de Laodiceia
Templo de Ártemis e ao fundo, à direita, as travertines de Pamukkale (branco).

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