terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Chimaera - Çıralı Yanartaş



Chimaera (quimera), aquele monstro com cabeça de leão, cabeça de cabra, garra de águia e rabo de cobra, que soltava fogo pelas bocas. Foi destruída por Belerofonte, montado no cavalo alado, Pégaso. Sim, o mesmo Belerofonte que fundou Termessos e por lá reinou, até morrer. Quem quiser, que pesquise mais, se quiser conhecer a lenda desse herói. A lenda, que faz parte de uma mitologia, acaba ficando muito real, quando estamos na Anatólia. Quando Belerofonte venceu a quimera, que era um bicho eterno, ele a enterrou em uma montanha da Lícia, seu corpo virou pedra, mas ela continua soltando fogo pelas ventas e cabeças, até hoje.
Esta é a lenda, mas o fogo da quimera era o farol que avisava os marinheiros do cabo que avança para o mar, em Çıralı.




Dizem que no inverno as labaredas crescem ainda mais, pois ao esfriar, a pressão aumenta.
Este fogo sai da terra, por causa da alta atividade metamórfica da região. São rochas que geram gás, dentro da terra, como a chaminé de um vulcão, que lentamente despressuriza, exala gases que ao estar em contato com o oxigênio do ar, entram em combustão espontânea. Há muitas dessas "vents" também no fundo do mar, mas estão sob pressão, com a água do oceano sobre elas, não carburam, mas soltam seus gases, com fumaças negras que misturam-se com a água, dando origem a todo um ecossistema independente da fotossíntese, pois quem realiza as sínteses orgânicas, são arquebactérias quimiosintetizadoras. Sintetizam sua glicose a partir desses gases que saem das fendas do vulcão, usando esta energia telúrica, para fabricar seu alimento, servindo daí como fonte de produção para as longas cadeias alimentares marítimas, mesmo que seja a uma profundidade abissal e totalmente no escuro.
A fórmula dos gases é a seguinte:

Com a maior porcentagem é de metano, a chama se mantém viva mesmo sob chuva.
Seja lá qual for a explicação, o fato é que a Chimaera ainda lança suas chamas históricas, na praia onde os atletas iam buscar o fogo eterno para acender as tochas perpétuas dos jogos olímpicos.

As ventarolas se situam bem no alto da montanha de Yanartaş (palavra que quer dizer cratera de vulcão). Para chegar até elas você tem que subir uma escadaria enorme, de um quilômetro de comprimento, morro muito acima, à noite, pois para serem melhor observadas, as chamas devem ser vistas à noite. A subida foi cruel, com nossas 3 lanterninhas de led, da lojinha de R$1,99. Cansou, viu!!!!
 Agora, bem depois de ter visitado o sítio só de noite, me veio a ideia de que deveríamos ter ido no final da tarde, antes do por do sol, para podermos observar todo o sítio, com maior visibilidade. Lá em cima, há um templo em honra de Hefestos, o deus do fogo e da metalurgia. Não está em boas condições, mas ainda assim gostaria de tê-lo visto com maior detalhe, ter observado as chamas durante o dia e depois à noite. Mas não tem importância. Vi o que vi e a emoção foi muito grande!!!
As flamas da Chimaera são mesmo divinas.

Pedimos para alguém nos fotografar, sem flash, somente com a luz das chamas e ficou assim:




 Sempre nos esquecemos da volta... Sim, porque todo caminho que se percorre na ida, na volta é a mesma coisa, senão pior, quando é morro abaixo, pois temos que descer freando o passo e isso é muito difícil para mim. E fui, em nome de Hefestos, descendo aquela enorme escadaria, pedindo à divindade, que me poupasse até o final da descida. Dito e feito. Só desabei quando faltavam apenas uns vinte degraus e dizendo, "obrigada, Hefestos."


Na manhã seguinte, fui me recuperar nadando bastante, despedindo da linda praia de Çıralı Yanartaş e me prometendo, um dia, voltar, Inch'Allah.




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