sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Olympos, o porto.




Termas romanas



Não, não é o monte Olimpo (há umas vinte ou mais montanhas com este nome), nem a cidade grega de Olympia, de onde vem os Jogos Olímpicos, mais uma cidade portuária, porto que servia a Lícia, onde paravam os barcos gregos dos atletas que iam buscar o fogo da tocha olímpica, em Chimaera, alí pertinho...

Infelizmente o ser humano come diversas vezes ao dia, tivemos que parar um bom tempo para almoçar e descansar, antes da próxima visitação. Com meus problemas de locomoção, aproveito qualquer desculpinha para sentar, relaxar um pouco as vértebras, pés, joelhos, soltar os braços. Outro grande problema é que não posso ver uma loja que venda sabonetes ou óleos essenciais, que eu vou demorar. E foi o que aconteceu em Kumluca, a cidade dos tomates, beringelas e pimentões. Pois quando vc chega no trevo, alí está uma estátua de um gigantesco tomate e beringelas e pimentões, compondo o cenário. Por todo lugar que se olha, só se vê estufa de hortaliças, hortaliças estas, que são enormes, orgânicas e deliciosas. Acabam por compensar a feiúra de tanto plástico branco.
Cabe aqui uma explicação: Na Turquia, por onde se anda, no interior, há algum monumento erigido em homenagem à maior produção do lugar. Meio kitsch, ou talvez muito, porém a cidade valoriza seu produto principal, de alguma maneira. Em volta deste monumento, que está em algum local público e bem visível, tem sempre um jardim, chafariz, ou algo assim. Yenikoy, cidade das romãs; Malatya, dos damascos; Amasya, das maçãs; Isparta, das rosas; Safranbolu, do casaredo e do açafrão, e assim por diante.*
Então, em Kumluca encontramos uma loja que vendia frutas secas, sabonetes e óleos essenciais... Demorou!
Com isso, chegamos ao porto de Olympos quase no por do sol. Tínhamos muito pouco tempo para percorrer a grande cidade, mas fizemos o possível para dar uma olhada geral em tudo, e eu um pouco mais, porque me perdi, lá dentro e demorei para encontrar o caminho de volta.
Ao entrar em Olympos, há uma placa dizendo: "É proibido acampar nas ruínas ou na praia. Horário de visita: das 8h às 20h. O resto do tempo, a praia é da Natureza e das tartarugas. Obrigado". E eu achei que aquilo fazia um tremendo sentido! Mais adiante veria placas semelhantes em Patara e Fethiye. Por alí, desovam as tartarugas Caretta caretta. Mas que pena, às 20 h, já está escuro e no escuro a gente se desorienta.


Armazém portuário e loureiro selvagem
Ruínas da ponte sobre o rio

caverna habitável




No meio de Olympos passa um rio, mas este era caudaloso o suficiente para dividir a cidade em duas bandas. Havia uma ponte, perto do farol, mas foi derrubada por terremotos. E muitos armazéns, também.Quando estávamos lá, o rio estava baixo porque não chovia bastante desde o final da primavera. As chuvas estavam começando. Agora o rio deve estar cheio.
Perto de Olympos, há cavernas onde certamente moraram hominídeos primitivos, é só olhar a sua situação: perto do mar e da água doce, em local de difícil acesso, quer dizer: fartura de caça e pesca, boa defesa e visibilidade.
Em Olympos muito aconteceu ao longo dos milênios, inclusive é lá a montanha Solymi, de onde Pósidon lançara maldições sobre o barco de Ulisses, na Odisseia, de Homero. Com isso desencadeou uma tremenda tempestade, destruindo seu navio, indo Ulisses parar na ilha de Nausícaa.
A cidade é muito antiga, sendo as primeiras moedas cunhadas, do século II AC. Foi ocupada por piratas cilícios, até o século I AC, mas no ano 78 AC, foi anexada ao Império Romano.
A noite foi caindo e eu me perdi nos labirintos da cidade. Sozinha e perdida e de noite e com medo. Minha única referência era um sarcófago enorme, de um devoto de Dionísio, com uma bacanal esculpida nas laterais da tumba. Que medo! Tirei uma última foto do farol da montanha Solymi e fui procurar uma saída.





*Aqui em Cambuquira, tinha uma garrafa de água, que batia todos esses monumentos, em feiúra. Ainda bem que o tempo levou.

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